sexta-feira, 20 de março de 2015

CAUSO - Rápido, toca esse avião para 'Uber... lândia'

Cláudio Messias*

O ano era 1996 e eu estava na supervisão administrativa da Sucursal de Assis do jornal Oeste Notícias, de Presidente Prudente. Praticamente todos os finais de dia fazia o trajeto Assis-Prudente, ora levando contratos de assinatura e de anúncios, ora fazendo malote administrativo. Vez ou outra, aceitava o convite de Meirinaldo Orlandini, diretor superintendente do Grupo Oliveira Lima, mantenedor, entre outros negócios, do Oeste Notícias e da TV Fronteira, para eventos realizados naquela cidade e que envolviam o proprietário do grupo empresarial, o então deputado federal Paulo Lima.

Em uma das edições do evento Rodeio dos Campeões, promovido pelo Clube dos Vaqueiros, pude reencontrar, nessas condições, meu amigo Alessandro Palma, com quem fiz Tiro de Guerra em Assis, turma de 1989. Palma era assessor parlamentar de Paulo Lima em Brasília e praticamente não desgrudava do deputado. Assessorava, igualmente, a família do deputado, atendendo a diversas circunstâncias envolvendo assuntos pessoais, domésticos, enfim...

Naquela noite de evento a correria era total. Entre chegadas e partidas de autoridades convidadas por Paulo Lima, a aeronave do empresário e deputado ficava questão de minutos em solo, entre aterrissagens e decolagens. Até que no período da noite Luciane, esposa de Paulo Lima, conseguiu embarcar no avião do marido, rumo ao Triângulo Mineiro. Passageira embarcada, bagagens guardadas, Palma dá o recado ao piloto: deixar a primeira-dama e retornar de imediato, pois havia um grupo de políticos para ser levado, com urgência, para São Paulo e o horário reservado no aeroporto de Congonhas não poderia ser desrespeitado.

Na aeronave, Luciane pede rapidez para que o piloto seguisse com destino a Uber... lândia. Mapa de voo autorizado, a aeronave decola de Prudente para uma viagem de 50 minutos. Passada meia hora a torre de Uberlândia autoriza e a aterrissagem começa a ser feita. Chovia naquela noite mineira e funcionários do aeroporto amparam a passageira com guarda-chuva, até o saguão. Enquanto isso, manobra feita, a aeronave prepara e decola em retorno a Presidente Prudente, ao passo em que Luciane depara-se com um saguão vazio, sem quem a recepcionasse. Aparelho celular na mão, liga para os parentes que a esperariam e se dá conta: desceu no aeroporto errado. 

Na realidade, o destino da esposa de Paulo Lima era o aeroporto estadual de Uberaba, onde se encontravam seus parentes. Constatado o equívoco, a comitiva seguiu de Uberaba até Uberlândia, onde antes da meia-noite recolheu a passageira, mais uma entre milhares e milhares de pessoas que confundem Uberaba com Uberlândia, e vice e versa. O tempo de viagem, de carro, equivaleu a quase o dobro do que Luciane levou de Prudente a Uberlândia.

Terminado o evento em Prudente e baixada a poeira da correria, todos os envolvidos naquele equívoco riram, com bom humor, sobre o ocorrido. E essa história é, variavelmente, recordada até hoje para que se ria do que parece brincadeira, mas é sério!


*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.

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