sábado, 28 de junho de 2014

EU, DA POLTRONA - Felipão, pede para c*g@r e saia

Cláudio Messias*

Você, raro e exceto leitor, é testemunha de meu silêncio. Há exatas três semanas nada posto aqui no blog. Não, necessariamente, por motivos relacionados a Copa do Mundo. Mais precisamente, uma tentativa de livrar minha identidade blogueira do viciante universo do futebol. Não deu. Felipão fez romper o silêncio. Do jeito que está, não dá.

Antes de entrar nos pormenores, vou nos pormaiores. Primeiro, Hulck foi o melhor jogador em campo contra o fraco, mas muito fraco Chile. Que vergonha do Válter, o espanhol, vendo esse medíocre Chile nas oitavas e a Fúria, atual líder do ranking mundial de Seleções, desembarcando em Madrid. Sorte do bigodão sulista, que preferiu vencer Camarões a enfrentar a laranja holandesa. Fosse a Holanda, hoje, e agora estaríamos chorando o suco de laranja derramado.

E, nesse ínterim, que fique registrada a pífia participação da torcida mineira. Meia dúzia de chilenos fez mais barulho do que a ampla e massacrante maioria que, quando muito, cantou o chato e ridículo “eu sou brasileiro com muito orgulho e muito amor”. Pelo amor de Deus, virem o disco dessa merda. Sou brasileiro, tenho orgulho, tenho amor, mas, também, tenho ódio dessa forma única de apoiar a Seleção nas arquibancadas. Que cantem “Brava gente, brasileira, longe vai temor servil...”. Pelo menos, cantaremos nossa comprovada independência do resto do mundo. Nota zero à mineirada, que não perde uma oportunidade de mandar São Paulo tomar no c*, mas vê a paulistada ao menos apoiar a Seleção com mais repertório, assim como o fizeram os cearenses, etc... Quando muito, o Mineirão – pasmem – esbravejou um “eu acredito”. Não, eu não acredito na saída de Felipão, única alternativa para mudar tudo, começando pelo que decidiu o ladrão de medalhas Marin.

Agora, dentro das quatro linhas, o que vi hoje foi a mesma Seleção que venho criticando, aqui, no blog, desde a transição de eras Mano Menezes>Felipão. Quero que um santo torcedor me diga onde está o meio-campo de criação dessa Seleção que está disputando a Copa. Mano tinha Ganso e Ronaldinho Gaúcho. Ah, tá... Felipão tem Oscar. E cadê Oscar contra o péssimo Chile? Sim, a opção seria William.  Ok, William não fez nada na prorrogação e ainda errou uma penalidade de forma infantil, amadora. E a alegria das pernas de Bernard está no meio das pernas de Bernard, para Felipão.

Um festival de incoerências fez o Brasil passar para as quartas de final nessa tarde de sábado. Nós, torcedores, carregamos no rosto o sorriso de velório, naquelas piadas contadas à margem do defunto já em decomposição e só esperando o sepultamento. Comemorar o que com um futebol que tem Jô, o enganador, no ataque. Felipão deve ser míope e, ano passado, confundiu a negra pele de craque de Ronaldinho Gaúcho com a negra pele de perna de pau de Jô, no Atlético Mineiro. Chamou o mais alto, o maior, pois tamanho, no prazer do nosso técnico, parece fazer tanta diferença quanto a alegria que isso proporciona através do meio das pernas.

Parece-me que até ontem Felipão, o burro, tinha dúvidas se colocaria Paulinho, titular, ou Fernandinho, que com sorte fez um gol contra os ‘perigosos’ Camarões. Optou pelo segundo, mas, quando viu que não daria certo, trocou esse por... Ramires. Oras bolas, o que foi aquilo? Se Fernandinho substituiu Paulinho e não deu certo, por que entrou Ramires? E o que fez Ramires no jogo todo quando esteve em campo? Respondo: somou-se a Jô e apenas esboçou um esforço para mudar a realidade em que o Chile, rezando pelas penalidades, administrou o jogo com – pasmem – mais de 60% de posse de bola.

Continuo advertindo que desde a convocação para a Copa Felipão olha para o banco de reservas e vê mais-do-mesmo. Se tira Fred, coloca Jô. Se sacrifica Oscar, coloca William. Se tira um volante, coloca Ramires ou Hernandes. E quando não tem um meio de campo criativo, talvez recorde-se que deixou Ganso, Lucas e Ronaldinho Gaúcho fora de sua lista. Sorte nossa que David Luiz, o ídolo, sobressaiu-se à lesão e entrou em campo, livrando-nos do risco de ver Henrique entrar. Sim, o Felipão de hoje corria o risco de colocar Henrique e não Dante.

O resultado disso tudo pôde ser visto imediatamente após as cobranças de penalidades. Basta olhar as imagens para ver que os jogadores titulares e reservas correram para o centro de campo para comemorar a vergonhosa vitória nos pênaltis sobre o choroso Chile. Ninguém, mas absolutamente ninguém foi abraçar, primeiro, Felipão ou sua bola esquerda chamada Murtosa. Parreira, com aquele sorriso plastificado, ficou com cara de bobo procurando mariposas por abraçar.

Agora, chegou o momento que eu aguardava para essa Copa. Repito, entrei na rotina de reativação do Blog antes, por não suportar essa fraqueza da nossa comissão técnica. Minha intenção era voltar exatamente nas quartas-de-final, uma vez que muito antes do início da competição eu já imaginava que desse estágio não passaríamos. Triste ver a Seleção anfitriã assistir a uma festa de meia dúzia de chilenos em um Mineirão calado. Hoje, torcida e jogadores foram farinha do mesmo saco. Apáticos, sem sangue nos olhos. Nem vou entrar no detalhe de Valdívia, craque, ter ficado no banco e sequer aparecer nos relacionados adversários, o que poderia ter feito a diferença.

Seria acreditar demais que um técnico jogasse a toalha em plenas oitavas de final e deixasse uma Seleção que representa o país que sedia um mundial de futebol. Como isso, eu sei, não vai acontecer, fica aqui a utopia de acreditar que haverá uma mudança significativa. Basta olharmos e vermos quem são nossos destaques no jogo de hoje. Júlio César está quites com o orgulho nacional 4 anos depois, da mesma forma que Hulck, o verde, correu por 9 jogadores de linha nos 120 minutos em que a bola formalmente rolou. Neymar, esforçado, joga isolado e não recebe a bola com qualidade. Seu colega de formação no Santos, Ganso, foi preterido pela comissão técnica, mesmo sendo um dos melhores meias do futebol mundial na atualidade.

Definitivamente, agora entendo que em 2002 foram Ronaldo e Rivaldo que nos deram o penta. E se depender de Felipão e sua comissão técnica, daremos vexame contra Colômbia ou Uruguai. Temos time, temos técnica, mas não temos comandante à altura de um título importante como o de uma Copa do Mundo realizada em nossa casa. Fora, Felipão. E depois não me acusem de oportunismo na crítica, pois por mim o comando ainda estaria com Mano Menezes. Jamais me iludi com a Copa das Confederações nem com as incoerências desse comando das camisas amarelas.


*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

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