domingo, 13 de abril de 2014

Súmula de árbitro confirma racismo contra técnico do Vocem em Birigui

Cláudio Messias*

O episódio envolvendo acusação de racismo contra a torcida do Bandeirante, de Birigui, que compareceu ao estádio municipal "Pedro Marin Berbel", sexta-feira passada, à noite, terá desdobramentos formais. Na ocasião, o técnico do Vocem, Buião, acusou alguns torcedores de tê-lo chamado de "macaco". A confusão implicou em paralisação da partida, no primeiroo tempo, ocasião em que o Vocem empatava com o Bandeirante em 0x0. O placar definitivo do confronto foi 2x0 para o time de Assis.

A súmula do árbitro Wanecley Lopes da Silva registra o que acusa Buião. De acordo com o árbitro, "informo que aos 35 minutos de jogo, a partida foi paralizada (sic), e fui informada pelo quarto árbitro sr Eduardo César Maximiano que a torcida do Bandeirante EC ofendeu o técnico da equipe do Vocem, o sr Antonio Carlos da Silva, com seguintes palavras "macaco filho da puta vai tomar no seu cu seu macaco" após incidente informei o tenente da Polícia Militar sr Luiz Carlos. A partida ficou paralizada (sic) por dois minutos)". Resta saber quais providências igualmente formais a Polícia Militar de Birigui tomou sobre o caso.

Em caso semelhante recente, a Federação Paulista de Futebol estabeleceu dois tipos de punição ao Mogi Mirim, cuja torcida igualmente chamou de "macaco" o jogador Arouca, do Santos, pelo mesmo Campeonato Paulista, Série A-1. Além de multado em R$ 50 mil, o clube mandante da partida teve o estádio interditado. A sentença, na ocasião, foi deliberada no dia 74 de março de 2014, por decisão do Tribunal de  Justiça Desportiva da Federação. É de se destacar que naquela ocasião não houve registro da denúncia de racismo em súmula, de maneira que o TJD decidiu agir a partir do que registrou, amplamente, a imprensa esportiva sobre o episódio.

Com a digitalização de todo o sistema de controle de informações dos jogos realizados sob a égide da Federação Paulista de Futebol a súmula das partidas é registrada online, imediatamente após a realização dos confrontos. Árbitros e representantes da Federação fazem a assinatura digitalizada que, reconhecida pelo sistema, formaliza em uma só postagem todo o conteúdo lançado, geralmente feita nos vestiários ou, com mais comodidade, no hotel onde a comissão estiver acomodada. Ou seja, uma vez postada a súmula, não mais é possível alterá-la ou excluí-la. No caso do confronto Bandeirante 0x2 Vocem, a súmula foi lançada por Wanecley Lopes da Silva às 2h39, já na madrugada de sábado.

De minha parte, como cronista esportivo, educador, torcedor, enfim, cidadão, espero que a Federação Paulista de Futebol tenha comportamento equânime na condução desse caso de acusação de racismo. Não falo, nesse caso, que o campo do Bandeirante tenha de ser interditado, muito menos desejo que o clube de Birigui seja multado com valores financeiros pesados. O que entendo e defendo é que ações enérgicas venham da parte dos gestores do maior e melhor campeonato regional do país. É inaceitável que uma coletividade de pessoas encontre na distinção de cor os argumentos que entende como suficientes para a agressão verbal. Ou a sociedade como um todo dá basta a essa forma covarde de agressão ou daremos retorno ao passado, regredindo em todos os aspectos.

Se a Federação tomou providências contra o Mogi Mirim, de Rivaldo, e interditou o estádio que leva o nome do pai do craque, na homônima cidade, que igual procedimento sensibilize o TJD e, assim, a população de Birigui como um todo se dê conta do que com certeza uma minoria da minoria protagonizou vergonhosamente. A capital nacional do calçado infantil não merece o que o lado racista de seu povo manifestou, mas, já que assim está feito, podemos começar a pensar em exclusão de clubes quando a arquibancada dessa forma se comportar. Quem sabe, um ano de gancho faça com que os discriminadores reflitam sobre suas fraquezas de alma.

Imagem: Reprodução/Site oficial da FPF

Na súmula o árbitro registrou que a acusação de racismo 
foi comunicada à Polícia Militar de Birigui


*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre e doutorando em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

3 comentários :

Anônimo disse...

Rapaz do céu, você não honra suas palavras. Não foi você que prometeu que não escreveria NADA sobre o VOCEM? Seu safado, sem palavra do caralho.

Unknown disse...

Boa tarde Messias. Poderia me passar seu endereço de email?

Grata,

Att,

Anônimo disse...

porra o cara ta falando uma coisa ruim que aconteceu ao técnico do VOCEM ou seja defendendo o seu técnico e o senhor vem com insulta-lo ver se toma vergonha na cara e para com graça ok obrigado