segunda-feira, 24 de junho de 2013

O discurso pacífico é um, até que agridam seu filho



Cláudio Messias*

Quem me conhece sabe que meu discurso e minha prática são do diálogo, jamais do apelo físico. Briga, mesmo, só conheci uma na vida, e ainda assim levei a pior, justamente por não saber brigar quando tinha 13 anos de idade, discutindo com um colega de jogo de futebol de rua e levando um senhor soco na cara, desprevenido, carregando para casa um troféu em forma de corte interno, na boca, que levou semanas para cicatrizar. Fui, pois, o agredido, e não o agressor, apesar de reconhecer que a rispidez da discussão juvenil levou àquela circunstância.

A pior cena de briga que testemunhei na vida remete à minha infância. Não sei exatamente o que eu estava fazendo em um churrasco que, à noite, ocorria em um estacionamento de veículos – à época chamavam-se esses estabelecimentos de “garagem” -, nas proximidades do cruzamento entre a rua Santos Dumont e a Marechal Deodoro. Eu tinha 9 anos de idade e recordo-me de dois adultos aumentarem o tom da voz, até que um deles levanta bruscamente da cadeira de metal, dessas de armar, típicas de festas, e derruba tudo o que estava sobre a mesinha igualmente de armar. O outro debatedor também se levanta e dali saem socos dados com violência extrema, pois tratavam-se de dois homens fortes. Fiquei acuado em um canto de onde, se tentasse sair, entraria no raio dos socos e das agressões dos briguentos, ou seja, fui obrigado a ver, durante infinitos minutos, aquela cena deprimente, a questão de centímetros dos meus olhos.

Aquela cena muito me impressionou, principalmente pelo fato de ninguém apartar a briga. A separação dos briguentos só foi feita quando o que enfim apanhou rendeu-se e não esboçava reação debaixo do agressor. Ou retirariam o vencedor da luta ou haveria, ali, um homicídio, tamanha era a ira do que estava batendo. Igual ou maior indignação eu tive, e ainda carrego comigo, ficou relacionada ao argumento dos demais adultos que assistiram à briga e não intercederam. Segundo eles, o briguento que apanhou estava merecendo, mesmo, uma surra. E terminada a luta, cadeiras e mesas foram postas no lugar e voltou a ter cerveja e carne em abundância. Como se nada tivesse acontecido.


Dos 9 anos em diante passei a observar atentamente as brigas. Na saída da escola, por exemplo, sempre havia acerto de contas. Daí a conhecida intimidação presente na rotina estudantil dos mais nervosos e temperamentais: “vou te pegar na saída”. E os estudantes se pegavam e se pegam na saída, com o agravante, hoje, de as meninas também integrarem esse lamentável cenário de selvageria. Cito esse exemplo porque quando estudante e, depois, como professor dos ensinos fundamental e médio, testemunhei circunstâncias em que dois sujeitos brigam e uma multidão assiste passivamente. É o espetáculo da briga, que tem antecedentes históricos, quase jurássicos. Dá audiência uma briga depois de horas enfiado em uma sala de aula, e prevalece a premissa de que “não me mete na briga dos outros”. Daí, pois, a não intervenção da audiência, que prefere ser meramente espectadora. Não fosse a presença de pais que buscam filhos ou passam pelos portões de saída das escolas, ou, ainda, a presença de funcionários dessas escolas, e correríamos o risco de ter mortes nessas circunstâncias. Em sala de aula, no dia seguinte, ouvia do alunado a mesma premissa de que uma ou outra parte envolvida na briga do dia anterior “merecia apanhar mesmo”.

Duas semanas atrás, no jogo Assisense 2 x 2 Grêmio Prudente, pela Segunda Divisão do Campeonato Paulista, testemunhei uma discussão que também me fez sentir aquele frio na barriga que prenuncia, no meu imaginário, dois adultos brigando à base de socos e pontapés. E os dois caras eram grandes, fortes e exigiriam a intervenção de mais algumas pessoas para apartar. Tudo porque uma das partes gritava para que o técnico do time da casa retirasse de campo o camisa 5, volante, segundo ele um perna-de-pau. Essa vociferação durou uns 5 minutos, até que um sujeito que estava sentado atrás desse bocudo, e à minha frente, levantou-se, cutucou o falador e pediu para ele ficar quieto, pois, na sua opinião, o jogador mais brigador (no sentido de disputa de bola) era justamente o camisa 5. O outro torcedor boquejou, disse ter o direito de falar o que quisesse, mas ouviu do interlocutor a determinação “aqui você não vai falar mal do 5, não”. Ninguém, simplesmente ninguém (nem eu), intercedeu na discussão. O máximo que fiz foi, quando o defensor do camisa 5 olhou para trás e buscou apoio moral para sua posição, dizer “deixa isso quieto”, como recomendação de que aquilo não valia a pena. Ao passo que, imediatamente, outro torcedor que estava ao meu lado disse: “vale a pena, sim, pois aquele cara (o que criticava o camisa 5) merecia mesmo levar uns tapas”.

Se duas pessoas decidem eventuais diferenças nas agressões físicas o olhar coletivo predominante é que uma das duas partes merece sair perdedora. Já relatei, aqui no Blog, minha experiência de 3 anos e meio como jornalista que foi conhecer o regime prisional trabalhando como agente penitenciário. Foram inúmeras as experiências que tive naquele universo em que predomina a presença de pessoas que praticaram violência nos mais variados níveis de gravidade. E lá, no cárcere, prevalece a cultura do acerto de contas. Muitas mortes que ocorrem dentro das muralhas resultam de circunstâncias em que fulano estava merecendo, prevalecendo o parâmetro de um código interno em que existem dominantes e dominados. Se um dominado fere as regras, paga. Nada diferente do que fazemos aqui fora, em liberdade, nos mais variados aspectos sociais.

Nesses quase 30 anos em que trabalho formalmente, parte do tempo fiz ‘bicos’ na noite. Trabalhei como DJ em danceterias e vi jovens da minha idade brigando periodicamente. Muitas daquelas brigas terminaram em morte na porta das discotecas de Assis e região. O capital da discórdia, ali, eram as mulheres. Sangrentas formas de dança do acasalamento. Mas, com um detalhe que também identifiquei, talvez influenciado por aquela experiência lá da infância, dos 9 anos, quando vi aquela briga de adultos no churrasco. Muitos jovens apanharam e apanham sem ter ofendido ninguém. Sem sequer ter discutido. Pior, apanham tentando fugir da discussão e da própria briga. São cercados pela audiência, ou seja, por aquelas pessoas que querem assistir à cena a qualquer custo e fazem da muralha humana uma arena da qual o inocente não tem chance de escapar.

Esses jovens que apanham na noite muitas vezes sofrem agressões na frente de namoradas. Via de regra, não sabem brigar, nunca deram um soco na vida e simplesmente descartam a hipótese de voltar a determinada casa noturna ou balada justamente para evitar novas agressões. Não tenho dúvidas de que essa seja a explicação para que alguns pontos comerciais da cidade tenham alta concentração de público, porém pouco faturamento, muitas vezes fechando as portas em meio à surpresa coletiva que lamenta “poxa, como pode fechar se sempre teve movimento?”. Consumidor bom é aquele que vai em grupo, consome de bebidas a lanches e pratos quentes e é formado por casais. Uma abordagem em mesa que contenha esse perfil de frequentadores da boemia permite facilmente identificar pessoas com formação sólida e vida profissional estável. Jovens que sacrificaram a futilidade da vida nas ruas e priorizaram foco nos estudos ou mesmo no crescimento profissional, por mais humilde que seja a função. Basta um deles ter a namorada que determinado briguento, truculento, que desfocou dos estudos e priorizou a futilidade das ruas, inventou de paquerar e dali poderá sair a circunstância que acabará em violência. É só um dos inúmeros exemplos de agressões que testemunhei algumas décadas atrás, suficientes para que aqueles casais de amigos simplesmente não frequentassem mais o local. E quem continuou frequentando? Sim, claro, os briguentos, que pouco consomem e quase nada de lucro levam para os pontos comerciais.

O rapaz boa pinta é, via de regra, educado. E educado no sentido informal, ou seja, leva para a vida os bons modos que aprendeu dentro de casa. Sabe falar, que tom de voz usar em determinadas circunstâncias, tem semblante sereno, come de modo adequado e não precisa de uma roupa cara ou de moda para ficar atraente. Sua personalidade é o seu cartão de visitas. Atrai, claro, a atenção do público feminino. De mães, tias e avós de suas amigas, esse tipo de rapaz agrada coletivamente a todas as mulheres. Na balada, obviamente, esse rapaz atrairá os olhares de moças; das jovens da mesma idade até as jovens mais experientes. Sorte no amor, desde que uma dessas mulheres não esteja pretendida por outro jovem, homem, que tenha a personalidade avessa a tudo o que foi elencado de qualidade pessoal anteriormente. Sim, na selvagem vida noturna já vi jovem apanhar só porque a paquera de determinado briguento estava olhando, admirando, determinado rapaz boa pinta presente em referida festa. Briguento, claro, que não leu os mesmos livros do agredido, nem dedicou parte de seu precioso tempo a ouvir os conselhos de pais ou adultos mais próximos para que saísse um cidadão que respeite outrem.

É claro que tem muito rapaz boa pinta e briguento, que caça confusão, ofende e dá origem a agressões. Não tenho dados que comprovem isso, mas acredito que se essas estatísticas existem, devem mostrar que tais brigas nasçam envolvendo pessoas que não se encaixam no perfil desses rapazes que citei e que agradam de mães e tias a avós em geral. Sim, você dirá que muitos dos agressores são uns dentro de casa e na vida social como um todo, e outros na selvagem disputa que geralmente envolve a busca pelo sexo oposto. Concordo com isso, mas ainda defendo que esses truculentos, no bojo geral, não têm a qualidade geral do rapaz – e da moça também – de bem, da paz. O que quero dizer, enfim, é que algumas pessoas saem literalmente de casa dispostas a brigar, enquanto outras não têm essa predisposição.

Em muitas das circunstâncias que figuram como nascente de uma briga o controle é perdido em meio ao diálogo. Em 2002, abastecendo o carro quando retornava, à noite, de Marília, onde trabalhava, enfrentei uma fila. Estava no posto Aster, na avenida Dom Antônio, e havia três veículos à minha frente, na bomba de álcool. Quando o carro da frente avançou para ser abastecido eu estava trocando o CD do aparelho e em questão de segundos ficou um espaço vago entre mim e o carro da frente. Havia, àquela altura, outros veículos atrás do meu. Mas, um Corcel II que tinha o porta-malas repleto de ferramentas de pedreiro entrou em velocidade até certo ponto excessiva no posto. Seu condutor, passando devagar ao lado da fila, viu o pequeno espaço à minha frente e colocou o “bico” do carro, cercando meu acesso. O frentista, depois de abastecer o veículo da frente, ignorou o Corcel II e veio até mim, perguntar se eu queria álcool ou gasolina. Era álcool e, então, eu teria de abastecer na bomba da frente, obstruída pelo carro do pedreiro que, por sinal, já estava estacionado e posicionado. Apaziguador, o frentista perguntou se eu permitia que ele abastecesse primeiro o Corcel II. Ao que eu respondi que sim, completando que aquele pedreiro deveria ter motivos maiores e melhores do que o meu e dos outros proprietários de veículos que, atrás de mim, revoltados e vociferando, não concordavam com aquele “fura-fila”. Ressaltei que ele, o pedreiro, poderia ser uma pessoa muito importante ou mesmo estar a caminho de uma casa cuja esposa e filhos fossem mais importantes que os nossos, uma vez que ao menos eu estava fora de casa desde a madrugada, tendo, com certeza, pulado da cama muito antes dele. Não terminei de falar e fui interrompido pelo pedreiro, que desistiu de abastecer o carro mas não saiu antes de enfiar o dedo em riste na minha cara e sentenciar: “você pode ser mais inteligente do que eu, mas eu te quebro a cara”.

Essa é a realidade da violenta sociedade contemporânea. Cessam os argumentos e surge a brecha para o acerto de contas no braço. As próprias redes sociais, que são exclusivamente discursivas, levam a desentendimentos que saem do controle pacífico e surpreendem igualmente. Cito o caso de um “amigo” que conheci pessoalmente e que mais velho que eu, inclusive, é pai de um ex-companheiro de trabalho. Já até viajamos juntos em algumas ocasiões profissionais, de maneira a ter aquela amizade como sólida. Essa pessoa é torcedora do São Paulo e a cada postagem minha, ano passado, sobre o Corinthians, meu time, no Facebook, ironizava com comentários que são típicos, e normais, para assuntos relacionados ao futebol. O alvo dele era o sonho corintiano de conquista da Libertadores, motivo para o que definia como “eterno motivo de riso”. Quando o Corinthians foi campeão da Libertadores, claro, foram infinitas as piadas que correram as redes sociais, dando início a movimentos como “os anti piram”, etc. Jamais fiz qualquer postagem àquela pessoa em específico, em forma de ofensa ou qualquer outro tipo de provocação. Tudo, sim, dentro do movimento de resposta dos corintianos, e sabendo distinguir o que era pesado demais e o que não era. Semanas atrás vi uma postagem futebolística dessa pessoa no mesmo Facebook e fiz um comentário, recebendo como resposta que nem deveria estar, ali, dialogando, pois havia sido excluído da lista de amigos daquela conta. Não questionei, obviamente, pois se existe algo sobre o que não temos propriedade é a vontade alheia pela nossa amizade. Esforço-me, sim, para fazer e ter amigos, mas se da outra parte não há o mesmo interesse, que ao menos fiquemos em paz. Contudo, como tratava-se de rompimento relacionado à virtualidade das redes sociais, imaginei que a amizade real continuasse, literalmente com os pés no chão. Mas, reencontrei essa pessoa no estádio Tonicão, duas semanas atrás, e não houve recíproca para o que defino como esboço de cumprimento de minha parte. Vi, então, que algo realmente aconteceu nas leituras e interpretações de postagens no Facebook, suficiente para acabar com uma amizade de mais de 15 anos, mesmo sem que eu entenda necessariamente o que ocorreu de ato.

Jamais vi risco de briga com esse amigo, que me tem como ex-amigo. Até porque jamais discutimos e, pelo contrário, dele só tenho as lembranças das vezes em que nos reencontramos e falamos, sim, de futebol, seja do Vocem, do Assisense, da Seleção, do Corinthians, do São Paulo, enfim, da vida. Mas, com certeza, faltou diálogo, que é o principal recurso que esclarece e finda desavenças. Uma conversa atravessada, mal esclarecida, e lá estão amigos, familiares, colegas de trabalho, vizinhos, enfim, uma infinidade de grupos sociais com representantes em conflito. Bobagens, claro, mas espelho de uma sociedade contemporânea cada vez mais pavio-curto.

Escrevi tudo isso para chegar ao episódio que nesse final de semana nos desestruturou em família. Um de meus filhos foi agredido por outros dois jovens no final da noite de sábado. Foi durante uma festa? Não. Meu filho consome bebida ou tem qualquer outro tipo de vício? Também não. Estava paquerando a namorada ou paquera de outra pessoa? Igualmente, não? Então, em que circunstância ele foi agredido? Simplesmente, ele aguardava que eu e minha esposa o buscássemos, de carro, em frente ao residencial Renascence. Havia ido à festa junina do colégio Xereta e, terminado evento, desceu com amigos até o condomínio, que fica nas proximidades e é morada de um colega que estava no grupo. Nosso trato era busca-lo à meia-noite e quando deu 23h50, por telefone, anunciei que estaria indo para lá. Enquanto eu saía de casa e ia para o outro lado da cidade dois jovens abordaram meu filho, já sozinho, em frente à rotatória, na porta do residencial. Estavam, segundo ele, trajando roupas costumeiramente usadas por pessoas de classe média. Primeiro, perguntaram se ele residia ali, no Renascense. Quando respondeu que não, meu filho ouviu de um dos bandidos que deveria passar o “radinho”, ou seja, o celular. Percebendo que poderia ser roubado, ele precaveu-se segurando celular dentro do bolso da blusa de frio e tentou correr de volta para o condomínio. Um dos bandidos chutou-lhe as pernas, derrubou e desferiu chutes na cabeça e pelo corpo todo. O outro marginal assistia a tudo e ria da cena. Cheguei ao local e deparei com meu filho todo sujo, zonzo, com sangramento nos cotovelos e, com palavras confusas, tentando definir o que ocorrera.

Optamos por leva-lo para casa, coloca-lo em observação e, se fosse o caso, leva-lo depois ao hospital. Não foi necessário, pois a dor no quadril devia-se à queda ao chão que teve quando suas pernas foram chutadas na corrida. A dor na cabeça era o que mais preocupava, porém passou quando remediada com analgésico que temos em casa. E você, raro e exceto leitor, deve estar perguntando por quer optamos por não fazer boletim de ocorrência nem acionar a polícia militar. Explico.

Em 2010, nossos dois filhos, ainda crianças, retornavam da catequese, na comunidade, e foram abordados por um bando de marginais adolescentes, um deles portando revólver. Levaram, deles, camisa e blusa, além, também, de agredir com socos e pontapés. A PM foi acionada, chegou muitos minutos depois, fez rondas pelas imediações, mas o herói daquela noite, mesmo, foi um motorista a quem nunca tive oportunidade de agradecer com um abraço de reconhecimento. Um proprietário de carro de luxo que viu a cena de dois inocentes sendo assaltados, ignorou o fato de haver arma de fogo em punho por parte de um dos bandidos e partiu para cima. Além de interromper o assalto ele colocou meus filhos no carro e os trouxe até a porta de nossa casa, saindo em alta velocidade na tentativa de ainda reencontrar os bandidos. Foi, e não mais voltou. Fomos conduzidos pelos policiais militares até o plantão, registramos ocorrência e, ainda por cima, submetemos os filhos à constrangedora situação de testemunhar o flagrante de diversos jovens, detidos sob as mais variadas suspeitas. Quase seis horas entre o assalto a meus filhos e o desfecho da ocorrência e, até hoje, ninguém preso, apesar de meus filhos já terem reencontrado, nas proximidades de casa, os mesmos jovens autores daquela ação criminosa, um deles, inclusive, trajando a camisa roubada. Nesse erro, de ficar horas no circo do plantão policial, não caímos mais.

Meus filhos foram educados, em casa, para dialogar e jamais entrar em briga física. E assim fazem, e muito bem. São da paz, do bem, como nós, adultos, costumamos definir. O resultado disso é que o perfil da roda de amigos deles, que é muito grande, por sinal, define um grupo de jovens com rotina de lazer sem vícios nem extravagâncias. Todos têm suas paqueras, namoradas, enfim, suas vivências típicas de jovens, adolescentes, que os definem como aquele rapaz que agrada aos olhos de mães, avós e tias que citei anteriormente nesse texto. Estão aprendendo a encarar o que é a vida, mas, somado a uma rotina que exige firmeza nos estudos e foco na formação universitária que advém, passam por situações em que incomodam pelo simples fato de não representarem ameaça alguma. Digo isso porque meu filho, sábado, ficou menos de 5 minutos em frente ao residencial Renascence até ser abordado por dois bandidos que muito provavelmente estavam na mesma festa junina do Xereta minutos antes. Dois jovens que não foram até lá nem passavam por ali especificamente para assaltar alguém. Tanto que não levaram o celular do agredido. Simplesmente, encontraram um cara do bem e de maneira criminosa, bandida, delituosa, o espancaram. Poderiam tê-lo matado, pois golpes na cabeça esse risco permitem. E custo de quê? Com que fundamento? Qual o motivo?

Estamos, em um grupo de amigos, iniciando uma investigação independente. Sabemos que roupas trajavam e quais características físicas aqueles dois bandidos têm. Há imagens filmadas em três pontos por onde pedestres passaram naquele final de noite de sábado, no prolongamento da avenida Rui Barbosa. A agressão, em si, nem precisa ser mostrada. Basta identificar os autores, lançar suas caras nas redes sociais e chegar aos responsáveis. Aí, sim, os elementos serão juntados e apresentados diretamente à Justiça em forma de denúncia, com processo. Não entendo aquilo como agressão, mas tentativa de latrocínio, uma vez que meu filho, agora, poderia estar engrossando a estatística que faz de Assis uma cidade muito mais violenta do que a Assis da minha juventude. Ainda é cedo para dizer que tratam-se de novos playboys assisenses agindo à base da certeza da impunidade na cidade, mas de uma coisa em tenho certeza: o sossego, deles, acabou, pois se menores se confirmarem, será com os pais (ir)responsáveis a minha conversa de acerto de contas. Conversa e diálogo, pois a única punição virá, não tenho dúvidas, da mesma Justiça em que sempre confiei em 43 anos de vida.

 Atualização 1  - 20h37: Já foi feita a identificação do principal agressor, em fotos tiradas no interior do colégio Xereta, sábado. Igualmente, as imagens de câmeras foram cruzadas. Próximo passo, confirmar o nome do indivíduo, seu endereço e, assim, localizá-lo para as providências legais. 


*Professor universitário, historiador e jornalista, é mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

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