terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Trânsito de Assis, um fundamento: os Jetsons vêm aí


23 Novembro 2011
Trânsito de Assis, um fundamento: os Jetsons vêm aí


Cláudio Messias*

* Jornalista, professor universitário, mestre em Ciências da Comunicação pela ECA/USP.

Não me considero amigo de todo mundo, mas, também, não coleciono uma lista 100% formada por amigos. E sei bem diferenciar o que é um amigo, o que é um colega e o que é um conhecido. Portanto, o que escrevo aqui, nesta coluna virtual, não tem por objetivo agradar este, aquele ou outrem. As Ciências da Comunicação ainda não depararam com situações em que objetiva ou subjetivamente um leitor seja obrigado a ler determinado conteúdo. Portanto, se não gosta, simplesmente não leia.

Digo isso porque o coronelismo que sempre imperou nesta Sucupira do Vale chamada Assis fez gerar uma cultura de mandatários. Manda quem pode, obedece quem tem juízo. Calma lá. Cultura e identidade são coirmãs. E minha identidade me diz que, se esse for o caso, não tenho lá muito juízo. Escrever exige, sim, coerência e razão. Mas não submissão. Não aceito, pois, pressão. Talvez por isso rompi contratos e não raras vezes segui por um caminho e as empresas de comunicação por onde passei seguiram por outros.

A cidade de Assis vive um caos prenunciado há meses. Caos do trânsito. Do último final de semana para cá a coisa ganhou áreas de brincadeira de mau gosto. Não me recordo de nenhum comunicado oficial que desse conta de nos explicar as alterações feitas nos sentidos de direção de determinadas vias. Sim, reconheço que o trânsito da cidade estava ruim. Aliás, ouço dizer isso desde quando pegava circular da JF Garcia e ia treinar futebol na antiga Ferroviária, lá pelos idos do final da década de 1970. Mas agora não tenho outra observação a fazer: ficou pior.

Meses atrás fiz uma postagem na rede social, no Facebook, externando minha sincera situação: não conseguia transitar pela cidade, pois os caminhos e atalhos que fazia me conduziam para sentidos, com o perdão do trocadilho, sem sentido. Uma usuária comentou que toda mudança gera reação, ora positiva, ora negativa, e com o tempo as alterações são socialmente assimiladas e entram na rotina. Tudo bem. Concordo em partes com ela. Mas me antecipo à ação em que consiste a alteração: para que e de que forma mudar? Mudar o trânsito é necessário? Sim, pois havia problemas. Alterar da forma como foi feito é que é a questão.

Fazendo hidromusculação no ATC, nesta semana, ouvi de meus amigos que têm comércio em vias afetadas pelas alterações de trânsito que o movimento de fregueses diminuiu. As pessoas simplesmente não estão conseguindo chegar aos estabelecimentos comerciais. E nem venha com a história de que a última semana do mês tem queda natural de movimento, pois estamos no dia 23 de novembro e parte considerável da população economicamente ativa está com a primeira parcela do décimo terceiro salário no bolso e louquinha pra torrar esse dinheiro.

Como já disse aqui, nestas páginas virtuais, rodei esse país e parte desse continente. E confesso que nunca me deparei com uma cidade, por pior que fosse o trânsito, que tivesse duas vias movimentadas, paralelas, como mesmo sentido de direção. Na primeira alteração drástica feita no trânsito de Assis isso aconteceu nas imediações das ruas José Teodoro e José Nogueira Marmontel. Agora, o absurdo se repete nas ruas paralelas à avenida J.V. da Cunha e Silva. Aliás, cá entre nós, qual ser extraterrestre planejou aquilo que fizeram na JV? Pelamô, como diria a juventude!

Domingo passado, dia 20, recebi a visita de um primo paulistano. O cara fuma mais que caipora e precisava repor o estoque para o vício maldito. Saímos de um almoço em um restaurante da cidade e seguimos em dois carros até a agência do Itaú. O trajeto: Siqueira Campos>João Pessoa>Praça da Bandeira>Smith de Vasconcelos> epa... Ângelo Bertoncini agora só sobe. Desci até a XV de Novembro. Surpresa: ela também só sobe. Tivemos de ir até a Luiz Piza para chegar à Rui Barbosa e, depois, retornar duas quadras.

Só isso de transtorno para um primeiro dia de mudanças? Claro que não. Do Itaú seguiríamos para o terminal rodoviário, na certeza de que lá haveria cigarros. O trajeto: Rui Barbosa>Sebastião da Silva Leite> ops... havia cones que impediam o acesso à Praça da Bandeira. Refizemos o trajeto Smith de Vasconcelos e, como a JV não sobe mais, fomos até a Ângelo Bertoncini. Subimos e, a uma quadra da avenida Glória, me dei conta de que teríamos de forçadamente virar à direita, por causa do Muro de Berlim que separa a cidade em duas partes: a de cima da Dom Antônio e a de baixo (só falta por guarita nas passagens). Viramos à esquerda (não sei o nome daquela rua) e vi que na via paralela também sairíamos na avenida Glória. Precisamos retornar uma quadra para trás e, assim, pegar a Getúlio Vargas.

Recorro à retórica inicial deste texto, sobre a fartura ou não de amigos, para dizer que, pedido de desculpas feito, as alterações que vi até agora são demonstração de pura falta de perícia por parte dos responsáveis. Que não venham me chamar de esquerdista, de integrante da turma do contra ou de gente que encontra problema em tudo. Não vejo sentido algum na alteração feita na JV da Cunha e Silva. Se alguém vê vantagem que ela só desça, precisaria ter consultado o comércio sobre o impacto disso, pois os comerciantes que conheço dizem o contrário.

Um amigo comentou algo que eu entendo como pertinente. Há, diz ele, no máximo 5 quadras de comércio pesado na JV. Impedir o estacionamento no trecho compreendido por duas quadras acima da Rui Barbosa e três quadras abaixo (o restante, até a saída para Cândido Mota, ficaria com um dos lados sem estacionamento) permitiria colocar o trânsito, ali, em mão dupla, com controle de velocidade. Assim, a única via que cruza a cidade de norte a sul teria duplo sentido de direção e funcionaria como uma via expressa que tanto faz falta.

Havia muitos anos eu usava o anel viário formado pelas avenidas Otto Ribeiro e Perimetral para sair da zona oeste para a leste, por exemplo. Do Supermercado Neves para a Malta, só para ilustrar o exemplo. Ou, então, da Unip para a Fema, de leste a norte. Era simples, rápido, ou seja, viável. Agora, é um problema. Dia desses, fazendo o caminho alternativamente forçado, paralelo à Vicente Fernandes Figueiredo, em questão de 200 metros quase atropelei uma criança ciclista e colidi com um motociclista, todos eles cruzando a minha via preferencial; eles, não acostumados, ainda, com o tráfego pesado, e eu, forçadamente a transitar abaixo do limite que estabeleci para mim mesmo nessa cidade: 50 km/h, no máximo.

Anos atrás vi lideranças políticas da cidade reivindicando, de forma vexaminosa, que o IBGE fizesse revisão do censo em Assis. A cidade tinha porque tinha de ter mais de 100 mil habitantes. Mas faltavam alguns milhares de habitantes para preencher essa estatística. Três mil assisenses a mais que fossem, estariam engrossando o caldo de condutores/usuários dessas vias públicas agora transformadas em caos de tráfego.

Cruzando os dois discursos, ou seja, de preparar a cidade para o futuro e de uma cidade com o marco superior a 100 mil habitantes, acho que encontro uma explicação provocativa para o cenário atual: querem, mesmo, é acabar com o trânsito terrestre. Cabeças no mundo da lua, que pensam em trazer para a terra o mundo dos Jetsons. Um lugar onde os carros voam, tudo se resolve, a tolerância faz parte do perfil de uma sociedade totalmente tecnicista e a incompetência é resolvida em um simples formatar de HD. O que serve de alento é imaginar que a função “delete” também poderá, nessa geração, ser acionada num simples toque, eliminando políticas públicas inúteis e colocando cabeças pensantes em determinados cargos.


FISCALIZAÇÃO ELETRÔNICA


MAIS EMBAIXO I

Alguém fugiu da reunião que decidia mudanças no trânsito de Assis e viu que a calçada debaixo do túnel da Fepasa, na vila Operária, colocava em risco os pedestres. Sim, pedestres ainda existem.

MAIS EMBAIXO II

A calçada foi interditada, mas o buraco continua lá. Sim, claro, começou o período de chuvas e isso pode pôr o serviço a perder. Lá pra março de 2012 a calçada deve ser consertada. Com ou sem reinauguração?

INTERNACIONALIZAÇÃO

A Fema segue firme rumo à internacionalização. A partir do convênio Ciência sem Fronteiras, com o governo federal, a instituição firmou parceria com a Deakin University, da Austrália. Assim, estudantes e professores poderão passar períodos pesquisando naquele país. A parceria contempla os cursos de Matemática, Química, Análise de Sistemas e Ciências da Computação.

ELITE

Uma grande área teria sido adquirida por um grupo empresarial local para a construção de mais um residencial de alto padrão. Será, na realidade, um complexo residencial e de lazer. Agregados ao projeto estão um shopping com piso térreo, um hipermercado e um campo de golf. Onde? Às margens da rodovia Raposo Tavares, entre o trevo de acesso à avenida Rui Barbosa e o distrito de Alexandria. Especulação do mercado imobiliário, mas com fundo de razão.

MAIS UM

Como um meganegócio puxa outro, o hipermercado em questão seria o WallMart.

TODA MÍDIA

Reencontro, aqui neste espaço virtual, meu amigo Sérgio Pena, com quem trabalhei na Rádio Cultura no final dos anos 1980. Muitas noites de Porão e reuniões de organização de eventos como Gincana de Verão da Cultura, Rock Cidade, Caça ao X e noitadas na lembrança. Peninha Black está em Miami, tem dois filhos e desenvolve projetos de rede, ou seja, trocou a comunicação pela informática.

TEMPO AO TEMPO

Quem também reapareceu é Dagoberto Nogueira, do site www.umdoistres.com.br. Disse ter dado um tempo às redes sociais para não revidar a provocações. Cena clássica: Dagão sentado no banco do pátio do Posto Brasil, tomando latinhas de Malta. Não vou dizer quantas latinhas estavam vazias.

FRANQUIA

Nossa amiga Waldyra Rodrigues Duarte encarou novo empreendimento e assina com o marido a propriedade da franquia Café do Feirante, no hipercenter São Judas.


LOTAÇÃO I

No feriado de 15 de novembro fui até a TelhaNorte do Catuaí Shopping, em Londrina, comprar parte do material elétrico de nossa reforma aqui em casa. Meia hora para encontrar vaga no estacionamento, lentidão para transitar nos corredores e lojas e, claro, encontro com muitos amigos assisenses acompanhados pelas respectivas famílias.

LOTAÇÃO II

Havia fila até para comprar sorvete do Mc Donalds. E decidimos comer em Assis, mais precisamente no hipercenter São Judas. Estacionamento também cheio, mas com vaga. Já a praça de alimentação: totalmente tomada. Esperamos alguns minutos até a liberação de mesas. Moral da história? Cadê o nosso shopping center que nunca sai do papel? Digo shopping legítimo, construído para tal finalidade, com estacionamento agregado, praça de alimentação e, por favor, uma sala de cinema!

PERGUNTINHA BÁSICA

Até quando vai essa cultura de que salão de cabeleireiro não abre segunda-feira pela manhã e pizzaria fecha segunda à noite?

PAREM O MUNDO PORQUE EU QUERO DESCER

Ruy Falcão dizer, na Folha de hoje, que o governo do PT tem méritos por dar acesso à informação só pode ser piada de mau gosto. Será que Franklin Martins passou tão despercebido assim pelo Ministério das Comunicações?




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